24 de ago. de 2008

Quando o sol toca os papéis
e ao meio dia os pássaros cantam em paz
A terra, as flores o azul e mais
amanhã bastará o pão
as flores e os amores brotarão do chão
será a vinda de um furacão?
beberei das letras que giram em ti
como o alcatrão o amor amarga em nós
Se esta noite cantou-se a paz
e cercaram o ceu azul de lilás
contempla.

Lucas Freitas

20 de ago. de 2008

New York Jazz

Uma ponte sobre as águas turvas
e o trumpette do Chet Baker
ao fim de um longo túnel: paz.

New York Jazz sitiada por fantasmas
que querem embarcar no metrô e os
hispânicos e hindus viraram árabes
nas avenues.

Fecho os olhos para ouvir Philip Glass
Antes que a TV me convença que
Manhattan está no quintal de minha casa.

New York soterrada e exala o cheiro
de milhares de assuntos sem gavetas.

New York Jazz distorcida,
talvez maquete num museu em Hiroshima:
Drum´in Bass na cabeça de um tempo
sem ternura.

Paulo Almeida

Plínio

Ouço vozes
do mar,
do vento,
dos mortos mais vivos
do que nunca.

Escritores,
desertores,
suicidas
e ninguéns quais a mim
Kamikases,
fáceis,
espocando sob o solidáriasdos trópicos.

Alguém me falou de áliens:
Poe Guinsberg?

Espera, Marcos,
Que chego com noites sujas, Com Rugas para a dançarinosDos sobreviventes,
com ruas para transformar
em circo
e pão para os pombos
e indigentes.

Paulo Almeida
pauliletras@bol.com.br

18 de ago. de 2008

Desencontros encontrados

É navegando que se chega ao desconhecido. Cheiros, sons e imagens já não fazem a paisagem, pois essa é interna, eterna.

Cada passo um século, cada palavra uma descoberta. E o íntimo vai assim... encontrando a sua vez, seu porquê, empilhando sensações e sabotando a razão. De repente, descoberto, com a tez a mostra, encontra-se no espelho, surpreso, ofegante: um achado.

Fabio Aubin

Tudo pelo social

Por um momento pensei em mudar de lugar.
Entreter-me com coisas insignificantes.
Coisas da vida.
Ser maestro da passarada,
guia das formigas
perdidas
no concreto partido.
Afinal, sou cidadão, um ser social.
Construirei barracos com madeira nobre,
duram mais.

Cauê Lundi

Da estética

breves ressalvas
enlatadas
vaporizadas
mágicos e invisíveis andaimes
erguendo o emplo substrato
mesmice
individualidades que convivêm
na gasta fórmula cinza
ethos coletivo do vazio

Bianca Alves Costa

Natureza Humana?!

Vejam os pássaros nas gaiolas,
Os homens nas celas,
Aprisionados, eles, são
“animais” que nessa natureza se revelam.

Vejam como como se debatem,
como se rebelam,
mas quando soltos se
perdem na transformação social da “selva”.

Vejam os pássaros nas árvores,
voando e entoando o grunhir
de seus melodiosos cantos.
Vejam os homens percorrendo caminhos.
Interagindo-se
integrando-se em suas populações.

Vejam a liberdade que os une,
em torno do ciclo que se chama comunidade.

Vejam este elo sendo quebrado,
e a fome, a miséria tornando-os
Cada dia um beco sem saída.

Vejam esta sórdida solução das grades
e vejam a história sendo repetida

Cauê Lundi
Mesquinhos são os Cactos.
Aptos ante o inóspito,
optam um fluxo(não íntimo)
reter no oco. Aptos, mas
míseros são os cactos
-com espinhos abstêm-se os
cépticos.

Cético: ser como cacto
signo ereto de acúleos,
Ressentir do silêncio
das folhas, conformar-se
à demência dos galhos

ser convicto sem fruto.


Fabio Aristimunho
fabioaristimunho@yahoo.com

Ironias de sublimação

Já fui romântico, ateu
hoje,
sou cético.
O que me dirá Deus?
Já fui de tudo quase tudo.
Um pouco, quase tudo.
Hoje vejo com olhos o ouvido.
Ouço e não distinguo o que
sou.
Sou meta....anti...mudo.

Aliás
O mundo anda muito
Dá tantas voltas que já nem
fico tonto.
O sono?
Embalo com cevada e música
de nhém nhém nhém
Olá, tudo bem?
Vai se foder!!!
Meu bem.

Cauê Lundi

17 de ago. de 2008

Brasil

Terceiro mundo
Miséria
Café
Fome
Cerveja
Pobreza
Besteira
...quem importa

Tércio Carvalho

Estranhos Íntimos

Café descafeinado
Leite desnatado
Cidadão sem cidadania
adoçante sem açúcar
amor sem amante
estrada sem caminhos
Insônia sem sono
Alegria descontente
Gozo sem risada
Confiança cética

Christiano de Almeida Dutra

Um lugar no nosso espaço

A mim parecia assim, um momento, prolongado,
levemente modificado a cada momento seguinte, para
que não me chateasse, porém, só levemente, porque
mudanças bruscas me pareceriam teatro e eu não
sentiria que, na verdade, movia-me.
Um lugar de vozes, outrora de um silêncio preenchido
por tantas lembranças de sons. Nem um minuto sequer,
por respeito que fosse, de total amplitude vácua, de
espasmo, nunca estava nula enfim, mas sempre no
ritmo que antecedia o momento, que já dito, nada mais
era do que prolongado.
Um ligar de filtros e válvulas de escape, o que sabia até
o momento vestia-me de coragem e assim eu existia
para quem percebesse, e uma outra realidade, tantas
outras realidade, vivas, no mesmo lugar, aceitariam ou
desprezariam o que eu oferecia sem saber, despejando
em seguida, uma concepção barata, vulgar e ofensiva,
elevando o mínimo exposto ou empobrecendo mais um
milagre que, ainda que escondido, respirava e
repensava em todos os cantos do lugar.
Assim me parecia o que venho fazendo, colocando
respiração a respiração, uma perna na frente da outra,
ou entrelaçando-as num momento de respiração maior.
Assim eu me enxergava, de dentro de outras pessoas
que era um mistério, não menor do que eu era a mim.

Tatiane Bernardi

8 de ago. de 2008

Pra quem ainda vier a me amar

(Este site é dedicado à publicação de poesias de autores que não sejam famosos. Esta exceção aberta ao Roberto Freire é para homenageá-lo no ano de sua morte. Grande poeta anarquista.)

"
Quero dizer que te amo só de amor. Sem idéias, palavras,pensamentos. Quero fazer que te amo só de amor. Com sentimentos, sentidos,emoções. Quero curtir que te amo só de amor. Olho no olho, cara a cara,
corpo a corpo. Quero querer que te amo só de amor. São sombras as palavras no papel. Claro-escuros projetados peloamor, dos delírios e dos mistérios do prazer. Apenas sombras as palavras nopapel. Ser-não-ser refratados pelo amor no sexo e nos sonhos dos amantes.
Fátuas sombras as palavras no papel. Meu amor te escrevo feito um poema de carne, sangue, nervos e sêmen.São versos que pulsam, gemem e fecundam. Meu poema se encanta feito o amordos bichos livres às urgências dos cios e que jogam, brincam, cantam e
dançam fazendo o amor como faço o poema. Quero a vida as claras superfícies onde terminam e começam meusamores. Eu te sinto na pele, não no coração. Quero do amor as tenrassuperfícies onde a vida é lírica porque telúrica, onde sou épico porque
ébrio e lúbrico. Quero genitais todas as nossas superfícies. Não há limites para o prazer, meu grnade amor, mas virá sempreantes, não depois da excitação. Meu grande amor, o infinito é um recomeço.Não há limites para se viver um grande amor. Mas só te amo porque me dás o
gozo e não gozo mais porque eu te amo. Não há limites para o fim de umgrande amor. Nossa nudez, juntos, não se completa nunca, mesmo quando se tornamquentes e congestionadas, úmidas e latejantes todas as mucosas. A nudez a
dois não acontece nunca, porque nos vestimos um com o corpo do outro, parainventar deuses na solidão do nós. Por isso a nudez, no amor, não satisfaznunca. Porque eu te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não
preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos de completar. Somos, um para ooutro, deliciosamente desnecessários. O amor é tanto, não quanto. Amar é enquanto, portanto. Ponto.

"

Roberto Freire

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Ha Mulheres.

a mulher
o corpo
o corpo da mulher
o corpo de ideias da mulher
o corpo de imagens da mulher

ha mulheres
ha mulheres que pensam o corpo
ha mulheres que pensam o proprio corpo
ha mulheres que pensam com o corpo
ha mulheres que pensam atraves do corpo
ha mulheres que pensam para o corpo
ha mulheres que pensam a partir da ideia de corpo
ha mulheres que pensam a partir do corpo da ideia
ha mulheres que pensam a partir da imagem de corpo
ha mulheres que pensam a partir do corpo da imagem
ha mulheres que pensam

a mulher.

(Lenora de Barros)

There are Woman

the woman
the woman´s body
the woman´s body of ideas
the woman´s body of images
there are women


there are women who think the body
there are women who think the own body
there are women who think with the body
there are women who think through the body
there are women who think for the body
there are women who think from the idea of body
there are women who think from the body of the idea
there are women who think from the image of the body
there are women who think from the body of the image
there are women who think

the woman.

(Lenora de Barros)

Arquivo do blog